• R. Dr. Eduardo de Souza Aranha, 99 Itaim Bibi 3º e 4º ands.
  • Email: souen@uol.com.br
  • Tels: (11) 3842-6300 / (11) 3842-6701

Oncologia Ginecológica

Oncologia Ginecológica

A oncologia ginecológica compreende a área de atuação especializada na abordagem dos tumores pélvicos. Tumores malignos podem originar-se nos ovários, trompas, peritônio (membrana que recobre os órgãos pélvicos e abdominais), útero (corpo uterino, endométrio e colo uterino), vagina e vulva. 

No Brasil, o câncer ginecológico mais frequente é o de colo uterino, seguido do câncer de endométrio e, em terceiro lugar, do câncer de ovário. Na oncologia ginecológica é de fundamental importância o conceito de prevenção e detecção precoce do câncer, pois quanto mais inicial for o tumor, maiores são as chances de cura. 

O tratamento apropriado e acertado logo na primeira intervenção é de suma importância para a que a paciente tenha as melhores possibilidades de cura. Diversos estudos médicos comprovam que a abordagem intempestiva ou desastrada por profissional não devidamente experimentado na área pode comprometer a segurança oncológica da paciente e reduzir as expectativas de cura.

Somado a isto, houve grande evolução na abordagem dos tumores ginecológicos, com maior compreensão dos cânceres e de seus desenvolvimentos, permitindo tratamento com cirurgias menos mórbidas, propiciando recuperação mais rápida, com menos dor e com a mesma radicalidade necessária para o tratamento do câncer. Esta evolução decorre em parte do avanço das cirurgias minimamente invasivas (laparoscópica e robótica) no tratamento oncológico.


Câncer de colo uterino

O câncer de colo uterino é o tumor maligno mais frequente na pelve feminina. A cada ano são diagnosticados mais de 15.000 casos no Brasil, com mais de 5.000 mortes por ano. Os sintomas mais comuns são corrimento sanguinolento e sangramento na relação sexual.

O método de rastreamento mais adequado é o Papanicolau (colpocitologia oncótica) a ser realizado anualmente. Apesar da facilidade de acesso à colpocitologia oncótica (“exame de Papanicolau”) esta doença em nosso meio ainda é frequentemente descoberta em estádios avançados, onde a cura ainda existe, porém em menor porcentagem dos casos. Caso se faça o Papanicolau anualmente do início da vida sexual até os 70 anos, o risco de se ter um câncer de colo uterino praticamente desaparece.

Isto porque esta doença está relacionada à infecção pelo papiloma vírus humana (HPV) que pode ser facilmente identificado em exame de Papanicolau. Ele evolui por estágios, passando por lesões precursoras chamadas NIC (neoplasia intraepitelial cervical) 1, 2 e 3. Torna-se invasivo somente após passar por estes estágios, o que pode demorar até 10 anos para ocorrer, dando tempo suficiente para que estas lesões precursoras possam ser identificadas e tratadas.

Em caso de alteração do Papanicolau sugestivo destas alterações, exame de colposcopia e vulvoscopia com pesquisa do HPV devem ser realizados. Em caso de alteração nestes exames, eles também servem para dirigir biópsias do colo uterino. As biópsias é que definiram o tipo de lesão e determinaram o tratamento a ser feito. Os NIC 1 podem ser apenas acompanhados e muitos regridem espontaneamente. O NIC 2 pode demandar cauterização ou mais apropriado, biópsia excisional da lesão. Os NIC 3 e o câncer de colo uterino em estádios iniciais são tratados com cirurgia exclusivamente, sem necessidade de radioterapia ou quimioterapia. Mais ainda, nestes casos é possível uma abordagem preservadora da fertilidade, possibilitando uma gravidez no futuro. 

As cirurgias minimamente invasivas, como a laparoscopia e a cirurgia robótica podem ser utilizadas com mesma segurança oncológica das cirurgias tradicionais. Estas abordagens são menos mórbidas, propiciando recuperação mais rápida, com menos dor e com a mesma radicalidade necessária para o tratamento do câncer.

Para tumores mais avançados a radioterapia associada à quimioterapia é o tratamento de escolha.

O câncer de colo uterino pode ainda ser prevenido através da vacina de HPV. Estudos realizados em vários países do mundo sugerem que a vacinação de homens e mulheres entre 9 e 45 anos de idade tem efeito de reduzir a taxa de câncer de colo na população geral.


Câncer de endométrio

O câncer de endométrio é o segundo tumor maligno mais frequente na pelve feminina. A cada ano são diagnosticados aproximadamente 7.000 casos no Brasil. Apesar disso, por serem diagnosticados geralmente em estádios iniciais, as taxas de cura são bem elevadas. Para isso é muito importante à identificação adequada do tipo de câncer e a realização do tratamento cirúrgico por equipe médica especializada em câncer ginecológico. Estudos médicos apontam uma maior taxa de sobrevivência nas pacientes que foram adequadamente operadas por cirurgiões com atuação no campo da oncologia ginecológica.

O sintoma mais frequente é o sangramento vaginal em paciente na pós-menopausa geralmente acompanhado de espessamento da camada interna do útero, chamado endométrio. Sangramento por si só é razoavelmente frequente na pós-menopausa e geralmente decorre de atrofia do endométrio por falta dos hormônios sexuais que é a característica da menopausa.

Sangramento irregular após os 40 anos de idade e espessamento da camada interna do útero, chamado endométrio, podem ser decorrentes do câncer. Por sangrar muito no início de sua formação e o sangramento ser sempre algo que preocupa as mulheres, o diagnóstico destes cânceres costumam ser precoces garantindo maiores taxas de cura.

É importante ressaltar que o exame de Papanicolau não se aplica na prevenção do câncer de endométrio. Para o diagnóstico desta doença, lançamos mão da ultrassonografia pélvica/transvaginal para avaliar a espessura do endométrio e da histeroscopia com biópsia do endométrio.

A histeroscopia é método minimamente invasor que permite acesso e visualização da cavidade endometrial através da vagina e do canal do colo uterino que são orifícios naturais de acesso ao útero (caminho por onde o bebê nasce no parto natural). Permite ainda a realização de biópsia dirigida da área suspeita, o que leva a identificação com grande precisão do tipo de câncer a ser enfrentado. Isto permite melhor planejamento cirúrgico e maior taxa de sobrevivência.

Apesar de a incidência ser maior após a menopausa, ainda encontramos cerca de 20% dos casos em pacientes no período reprodutivo (menacme). Nesta eventualidade, caso haja desejo reprodutivo da paciente, é factível uma abordagem preservadora da fertilidade em casos bem selecionados, possibilitando uma gravidez no futuro. 

A cirurgia é o pilar inicial do tratamento deste câncer, sendo hoje a cirurgia minimamente invasiva, como a laparoscopia e a cirurgia robótica, eleitas como o padrão ouro. Estas abordagens são menos mórbidas, propiciando recuperação mais rápida, com menos dor e com a mesma radicalidade necessária para o tratamento do câncer, sem comprometer a segurança oncológica.


Câncer de ovário

O câncer de ovário é o terceiro tumor maligno mais frequente na pelve feminina. A cada ano são diagnosticados aproximadamente 6.000 casos no Brasil, sendo este o tumor mais letal da esfera ginecológica. Isto se deve a ausência de exames de rastreamento efetivos fazendo com que boa parte das pacientes sejam diagnósticadas deste câncer já em estádios avançados. 

A ultrassonografia pélvica/transvaginal rotineira e o marcador sanguíneo CA-125 (marcador tumoral que aumenta no câncer de ovário, porém também aumenta em qualquer processo inflamatório pélvico), não se mostraram úteis no rastreamento do câncer de ovário. 

Os sintomas iniciais geralmente são vagos e inespecíficos como perda de apetite, dificuldade de digestão, dor de estômago. Apenas quando já mais avançados promovem acúmulo de líquido dentro do abdômen que cresce rapidamente e massa palpável no baixo ventre.

Caso haja diagnóstico de câncer de ovário em estádio inicial, as taxas de cura são bem elevadas, geralmente acima de 80%. Pacientes nesta situação e com desejo reprodutivo podem se beneficiar de uma abordagem preservadora da fertilidade em casos bem selecionados, possibilitando uma gravidez no futuro. 

A cirurgia minimamente invasiva, como a laparoscopia e a cirurgia robótica, é de eleição nestes casos iniciais. Estas abordagens são menos mórbidas, propiciando recuperação mais rápida, com menos dor e com a mesma radicalidade necessária para o tratamento do câncer. 

A cirurgia é fator determinante de sobrevida na doença em estádio mais avançado. A cirurgia tradicional com incisão mediana é a via de escolha com o intuito de retirar toda a doença (debulking), não deixando nenhum tumor visível (chamada citorredução ótima). Torna-se imperioso nestes casos a abordagem por cirurgião altamente treinado, pois a doença encontra-se espalhada por toda a cavidade abdominal e a ressecção de órgãos como apêndice, intestino e outros mais são bastante frequentes na busca do resultado perfeito que é deixar a paciente sem doença residual visível após o tratamento cirúrgico. Isto, por sinal, é determinante no sucesso do tratamento e define maior taxa de sobrevivência. Neste tumor o cirurgião é fator importante na definição das taxas de cura. 

Em casos selecionados, onde não seja possível a retirada total do tumor em um primeiro momento, indica-se a quimioterapia como tratamento inicial, para realizarmos a citorredução posteriormente, com taxas semelhantes de sobrevivência desde que se consiga citorredução ótima. 
 

Fale Conosco