O câncer de mama é o mais comum nos países desenvolvidos e acomete mulheres principalmente na sexta década de vida, após a transição para a menopausa. Já no Brasil, a doença é mais frequente a partir dos 40 anos. Com isso, chega-se à conclusão de que as populações americana e brasileira são diferentes em relação ao momento da vida em que o câncer de mama pode ocorrer. Isso é de fundamental importância para definir a sua forma de rastreamento e estabelecer medidas preventivas.
O fato é que, se seguirmos modelos americanos ou europeus, com rastreamento a partir dos 50 anos e até os 69, identificaremos apenas 48,9% dos casos. Já se rastrearmos a partir dos 45 anos, apenas 79,2% dos casos serão identificados. Se adotarmos a estratégia proposta pela Sociedade Brasileira de Mastologia, que se baseia nos índices nacionais de incidência de câncer de mama, com início do rastreamento em populações de baixo risco a partir dos 40 anos, a detecção dos casos será de 89,3%.
Vale ressaltar que a perda de 10,7% dos casos corresponde às situações onde a doença é biologicamente muito agressiva e cresce rapidamente. Assim, em relação à eficácia do rastreamento pleiteado à mulher brasileira, o método está perfeitamente adaptado à nossa população. Resta, porém, definir o quanto isso gera de resultados, visto que confirmar a doença ou suas lesões precursoras deveria gerar redução de mortalidade e identificação de cânceres em fase mais inicial.
Estudos também apontam que 30% dos casos detectados por mamografia não causariam dano ou evoluiriam para óbito. Por conta disso, países europeus avançados colocam em xeque a mamografia. Mas o grande ponto não envolve apenas a redução de óbito pela doença, mas também a qualidade de vida da paciente. E aí está o grande benefício desse exame e do rastreio adequado: ao detectar lesões de menor tamanho, 'menores' são as cirurgias, o tratamento com quimioterapia, os 'danos' estéticos e psicológicos.
Números alarmantes
O câncer está se tornando a primeira causa de mortalidade por doenças no mundo. E o câncer de mama é o que mais mata mulheres. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê um aumento de 46% dos casos nas Américas até o ano de 2030, com uma concentração de 57% dos casos diagnosticados em mulheres com menos de 65 anos.
A importância da mamografia
A detecção e diagnóstico precoces aumentam as chances de cura. Consequentemente, a realização do tratamento clínico e cirúrgico na fase inicial da doença permite uma abordagem menos agressiva ou mutiladora. Eis a importância da mamografia.
Dr. Alexandre Pupo Nogueira
CRM 84414
Coluna: Ana Maria