O câncer de cabeça e pescoço manifesta-se em 500.000 pessoas anualmente em todo o planeta, levando cerca de 200.000 à morte. Os homens são mais acometidos do que as mulheres -- a proporção, vale destacar, é de 4 para 2, ou seja, a cada grupo de 4 homens atingidos há 2 mulheres portadoras. Entre todos os tipos de tumores nessa parte do corpo, os da cavidade oral são os mais comuns. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), haverá neste ano mais de 11.000 casos novos da doença na população masculina brasileira.
Os tumores da cavidade oral se formam na língua, assoalho da boca, gengivas, bochechas, palato duro -- osso do céu da boca -- e lábios, sendo mais frequentes na língua, local que pode ser examinado facilmente. Portanto, todas as pessoas que fumam, consomem bebidas alcoólicas em excesso e/ou são portadoras do vírus HPVIV devem ser informadas e examinadas por um médico ao menos uma vez por ano.
O grande problema é que o câncer de boca ainda é subdiagnosticado no Brasil, devido à demora do paciente em descobrir o tumor e/ou o medo de procurar atendimento especializado. Outros complicadores são: dificuldade de acesso a serviços de saúde de qualidade; grande número de pessoas que só contam com os serviços públicos de saúde; e, depois de diagnosticado, falta de recursos para o tratamento adequado. Tudo isso faz com que em geral a doença seja descoberta em estado avançado, o que diminui a possibilidade de controle ou de cura. Além de aumentar o custo do tratamento e é, claro, o sofrimento dos pacientes e familiares. A descoberta das lesões em estágio inicial, aliás, ocasiona um alto controle ou cura da doença e é fundamental para evitar cirurgias complexas, que desfiguram o portador, piorando muito a sua qualidade de vida.
O câncer de boca inicial não apresenta sintomas; portanto, é importante ficar atento a qualquer ferida na cavidade oral que não desapareça em duas a três semanas. De início as lesões, que podem se manifestar na forma de feridas, verrugas e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, em geral não causam nenhum incômodo. Mudanças na voz, como rouquidão, que persistem ou até pioram depois de duas a três semanas também merecem ser investigadas, bem como de nódulos no pescoço indolores de crescimento progressivo. Assim que houver a suspeita de qualquer dessas lesões, todas as pessoas devem consultar um médico especializado, que pode se um cirurgião de cabeça e pescoço, ou um otorrinolaringologista ou um oncologista clínico.
O diagnóstico é feito principalmente com a retirada de parte da lesão por meio de cirurgia e a análise dos tecidos por um laboratório especializado, o que, como você sabe, chama-se biópsia. Se o tumor for benigno, o médico pode tanto fazer um acompanhamento do caso apenas, nas situações mais simples, quanto realizar uma cirurgia -- isso é feito, por exemplo, no caso de tumor extenso que comprometa as estruturas locais e apresente a possibilidade de se tornar maligno.
Já nos casos dos tumores malignos, o tratamento em geral é cirúrgico, fazendo-se em seguida radioterapia e/ou quimioterapia. O aprimoramento das técnicas cirúrgicas e de reconstrução para defeitos complexos e também de novas drogas e protocolos em quimioterapia está possibilitando o aumento na sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes.
Estar atento aos sinais de seu corpo e prevenir-se, ou seja, evitar ou abandonar vícios como o tabagismo, o de consumir de bebidas alcoólicas em excesso, além de fazer sexo sempre com uso de preservativo e levar uma vida saudável, com dieta balanceada e atividade física, é a melhor maneira de evitar esse tipo de câncer e muitas outras doenças.