Grávida do segundo filho, Rafa Brites fala sobre cicatriz da cesárea: "Parece que está rasgando"
A cicatriz da cesárea é motivo de incômodo e frustração para muitas mulheres — a apresentadora Rafa Brites é uma delas. Em seu perfil no Instagram, ela publicou um post nesta segunda-feira (3) com um desabafo, no qual comenta o que tem sentido agora que está grávida do segundo filho. "A minha cicatriz da cesárea representou muitas coisas já para mim. Algumas já superei, como, por exemplo, não ter tido o tão sonhado parto 'normal'. Depois veio uma questão estética, porque ela é bem grande, dura, alta e vermelha. Então, fiz todos os tratamentos existentes: corticoide, laser, refiz ela e fiz betaterapia, mas nada adiantou", revelou na postagem. "Ela seguiu aqui. Enfim, me acostumei. A dorzinha quando colocava calça jeans etc. Tudo suportável... Até que engravidei outra vez e aí, minhas amigas, pensa em uma sensação que repuxa. Quanto mais a barriga cresce, mais parece que está rasgando", acrescentou Rafa.
"Como toda as manchas, pintas, seios... ficam mais escuros na gravidez, ela ficou também quase roxa. Ultimamente, nem falo mais pro Rocco que ele saiu por ali, porque ele fica assustado (risos). Quis compartilhar com vocês porque sei que muitas mulheres passam por isso e falamos pouco, né? Queria poder dar uma dica ou solução, mas não tenho ainda", completou a apresentadora.
Problemas com a cicatriz?
De fato, a cicatriz da cesárea não é um assunto novo. É totalmente esperado que a cirurgia deixe uma marca no corpo para sempre. O problema é quando essa linha, que deveria ser fina e clarear com o passar do tempo, acaba se tornando espessa ou escurecida — o que pode ser resultado da técnica utilizada no parto, de um pós-operatório que não respeitou o repouso ou simplesmente fruto da genética.
Segundo o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, dos Hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein (São Paulo), a cesárea é uma cirurgia pela qual se atravessa uma série de tecidos do abdômem. "Até a parede do útero é cortada para que a criança seja retirada. Ao todo, são sete camadas de corte. Depois que o bebê e a placenta são retirados, o obstetra precisa fechar todas essas camadas, uma a uma, e existem técnicas cirúrgicas para que elas sejam fechadas da melhor maneira possível — que vão desde tipos diferentes de fios cirúrgicos até maneiras distintas de dar o ponto. São detalhes técnicos do procedimento de cirurgia que ajudam a fazer com que a paciente tenha uma melhor cicatrização", esclarece.
Por outro lado, o sucesso da cicatrização não é de única responsabilidade do cirurgião e da técnica utilizada, diz Pupo. "Existe, também, uma questão pessoal, que é como o corpo de cada pessoa reage àquele processo. Então, por exemplo, o organismo de uma paciente pode ter uma resposta exagerada à cicatrização, que é o que chamamos de fibrose, repuxando um feixe nervoso ou causando a aderência de alguma estrutura interna do abdômem. Ela pode ter ainda uma infecção da ferida cirúrgica ou um hematoma, que é a retenção de fluido. Uma situação que, embora não seja frequente, mas também existe, é a chamada endometriose de parede: uma doença relacionada à cesárea que costuma doer no período menstrual. Ou, ainda, uma hérnia incisional, que é quando a sutura se abre. Enfim, todas essas complicações podem causar dor", explica.
Além disso, um dos problemas estéticos mais comuns com a cicatriz é a chamada queloide. "É uma cicatriz hipertrófica causada por uma reação exagerada do corpo, aumentando muito a produção de colágeno na superfície da cicatriz, deixando-a mais aparente e enrijecida. O que também pode prejudicar a cicatrização é a cesárea de emergência, realizada após um longo trabalho de parto ou, por exemplo, quando a cabeça do bebê já está muito para baixo no canal de parto", diz o obstetra.
Segunda gestação
Em relação ao incômodo relatato pela apresentadora sobre a segunda gravidez, o médico explicou: "Sabemos que essas cicatrizes hipertróficas, que evoluíram com a formação de uma fibrose mais intensa, são mais fixas, rígisas, fazendo com que todas essas estruturas que deveriam ser 'soltas' fossem um bloco único. Então, conforme a barriga vai crescendo e o útero vai pressionando a parede abdominal e empurrando-a, dilatando-a, essa cicratriz vai sofrendo pressão de dilatação e, a depender de onde estão essas fibroses, pode, eventualmente, tracionar um nervo, provocando incômodo e dor na paciente".
"A vantagem, nesse caso, é que essa cicatriz inicial pode ser totalmente removida em uma nova cesárea e fazer uma nova. E já conhecendo o histórico dela, o indicado, inclusive, é utilizar uma nova técnica para tentar diminuir a chance de uma nova cicatriz hipertrófico ou com excesso de fibrose", completou Pupo.
A ginecologista e obstetra Fernanda Pepicelli, membro da Febrasgo, completa: "Algumas cicatrizes podem ter um aumento e uma sensibilidade anormal que podem piorar com o crescimento da barriga na nova gestação. Para evitar desconfortos é preciso respeitar o tempo de repouso no pós-parto, de 30 a 60 dias, para que se tenha uma cicatriz mais uniforme! Controlar o peso na gestação também ajuda no controle de desconforto e complicações", orienta.
Tratamentos
Segundo Pupo, quando existe dor ou descontentamento com a cicatriz, a orientação é que a mulher procure o obstetra que realizou o parto para que ele analise o caso. "O tratamento varia muito de uma paciente para outra. Atualmente, existem medicamentos, laser e até cirurgia", destaca. No entanto, o sucesso depende da resposta de cada organismo e do tempo em que são feitos após a cesárea. Abaixo, a dermatologista Valéria Campos, pós-graduada em laser e dermatologia pela Harvard Medical School, indica os principais tratamentos para cada caso. Confira:
QUELOIDE – Resultado da proliferação exagerada de células na tentativa de reparar o corte, deixa a cicatriz muito volumosa, ultrapassando bastante a linha da cesárea. A recomendação é fazer sessões de betaterapia (procedimento que utiliza a energia emitida por elétrons para barrar a multiplicação das células) já no primeiro mês após a cirurgia.
CICATRIZ HIPERTRÓFICA – Acontece pelo mesmo motivo do queloide, a diferença é que a cicatriz respeita o limite da lesão. A indicação é o laser ablativo combinado com o não ablativo, que atua na remodelação local, melhorando o aspecto da pele, e deve ser feito a cada 15 dias durante três meses. Pode ser realizado por quem esteja amamentando.
ESCURECIMENTO – Para suavizar marcas escuras, dá para recorrer a cremes clareadores, como os à base de hidroquinona. Também é possível fazer sessões de laser, associado à vitamina C, para melhorar o aspecto geral.
Dica de ouro: antigamente, era comum as pessoas dizerem que é preciso deixar os cortes abertos para que sequem mais rapidamente. No entanto, o ideal para a cricatrização da cesárea é justamente o contrário: fechar e comprimir a região do corte. Por isso são indicadas as cintas pós-parto e as tiras de micropore ou silicone, que, ao comprimir e fechar a lesão, contribuem para que as células se reproduzam de forma mais saudável, reduzindo as chances da cicatriz hipertrófica ou queloide.
Fonte: Revista Crescer