Uma mulher deu à luz dentro de um avião que ia para Santiago, no Chile, na noite deste domingo (08). O voo saiu do Rio de Janeiro e o piloto decidiu fazer um pouso de emergência na capital gaúcha para que mãe e filha fossem atendidas.
Em entrevista à RBS TV, Manuel Hernandez, pai da criança, disse que esperava o nascimento do bebê apenas para o dia 20 e que a esposa tinha autorização médica para viajar — a mulher estava grávida de oito meses.
Assim como ocorreu com a chilena, viajar grávida após um determinado tempo de gestação pode antecipar o trabalho de parto, além de elevar os riscos de problemas ao bebê. Durante o voo há menos concentração de oxigênio, a pressão atmosférica está mais baixa e a umidade relativa do ar também está menor (cerca de 15%), o que facilita o nascimento antes do tempo determinado.
"O bebê vai receber menos oxigênio do sangue da gestante e por causa dessa menor quantidade pode ocorrer um parto prematuro. Normalmente, mudanças ambientais bruscas interferem no tempo natural da gestação. O mais indicado é sempre consultar o médico antes de qualquer viagem de avião", afirma Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do hospital Albert Einstein.
Limite é até 28 semanas
Normalmente, é desaconselhado viajar no começo da gravidez, até o terceiro mês, já que há maior risco de sofrer um aborto espontâneo. "Como o bebê está na fase embrionária, o mais indicado é evitar voos de longa duração já que a gestante pode abortar em qualquer lugar. Viagens longas costumam ser muito estressantes e, nesta fase, o ideal é evitar qualquer tipo de esforço", ressalta o obstetra.
Já no último trimestre também é contraindicado realizar voos longos, já que demanda uma quantidade maior de oxigênio ao bebê. A recomendação de algumas companhias aéreas é que a gestante não viaje a partir da 32ª semana.
No entanto, de acordo com Pupo, o ideal é que a paciente viaje somente até a 28ª semana e, depois desse período, não faça viagens que excedam três horas. "No caso da chilena foi muito arriscado viajar no oitavo mês de gravidez", considera o especialista.
Algumas companhias aéreas pedem autorização médica a partir da 28ª semana, que deve ser providenciada até dez dias antes da data da viagem. Vale lembrar que algumas empresas possuem políticas de cancelamento de passagem que permitem à gestante cancelamento ou mudanças no bilhete sem ter que arcar com custos.
Avaliação médica é importante
A paciente só deve viajar devido a autorização médica. A avaliação inclui fazer exames adequados, como ultrassom para checar a saúde do bebê. Em alguns casos, o médico pode negar o deslocamento da gestante.
Além disso, durante o voo, a gestante deve optar por viajar com meias de compressão (para evitar trombose), beber um litro de água a cada quatro horas de voo e levantar sempre que possível.
Dr. Alexandre Pupo Nogueira
CRM 84414
Fonte: Viva Bem