No dia 09 de fevereiro de 2017, tivemos aqui na clínica uma reunião técnica científica com a Dra. Mariana Sadalla, abordando os principais motivos de atendimento na infância e adolescência na clínica.
Primeiro foi falado sobre os aspectos éticos e legais, destacando os princípios da privacidade e confidencialidade entre médico e paciente.
Na infância, o principal motivo de atendimento na ginecologia é vulvovaginite.
Os principais fatores de risco são:
- Anatômicos (proximidade entre vagina e ânus, pequenos lábios pouco desenvolvidos, ausência de coxins adiposos e pelos pubianos, mucosa vaginal atrófica,etc);
- Higiene insuficiente ou inadequada;
- Uso de produtos irritantes;
- Traumatismos;
- Doenças sistêmicas e dermatoses.
Os principais sintomas são:
- Secreção vaginal;
- Vermelhidão;
- Coceira;
- Disúria;
- Sangramento.
As causas mais frequentes (que norteiam o tratamento) são:
- Leucorreia fisiológica;
- Vulvovaginite inespecífica;
- Corpo estranho;
- Vulvovaginite específica (por fungo ou bactérias);
- Dermatoses não infecciosas, como dermatite alérgica e de contato.
Durante a consulta aproveitamos para ver o calendário vacinal e o desenvolvimento dos caracteres sexuais.
É muito comum a mãe trazer a filha para avaliar esse desenvolvimento e ver se a criança não está com puberdade precoce. Primeiramente explicamos o que é puberdade normal ou fisiológica. Ela começa com a ativação do eixo H-H-O (hipotálamo-hipófise-ovário) e termina quando se estabelecem os ciclos ovulatórios. Em média dura de quatro a cinco anos. A puberdade precoce é definida como o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários antes dos oito anos na menina.
Ela se classifica em verdadeira (quando ocorre ativação do eixo H-H-O) ou pseudopuberdade precoce (quando independe do GnRH). A anamnese, o exame físico e exames complementares (como as dosagens laboratoriais, Raio-X de mão e punho do lado não dominante, USG pélvica e abdominal e eventualmente RNM / tomografia) auxiliam no diagnóstico e direcionam o tratamento. Muitas vezes o tratamento envolve também o atendimento conjunto do endocrinologista.
Nas adolescentes, além das vulvovaginites e suas peculiaridades para esta faixa etária, um motivo frequente de consulta é a contracepção. Cabe ao ginecologista explicar e orientar sobre as DST (doenças sexualmente transmissíveis) e sobre os métodos contraceptivos que existem, para juntos optarem pelo melhor método. O atendimento é individualizado e deve-se respeitar a privacidade da adolescente. A escolha do método pode ser influenciada por diversos fatores, como necessidade de esconder atividade sexual ou o uso de contracepção, a falta de aderência aos métodos de regime diário, ao alto índice de abandono durante o primeiro ano de uso, etc. Há diferença entre as eficácias real e teórica de cada método e isso deve ser explicado para a paciente.
Os principais métodos são os anticoncepcionais orais, os dispositivos intrauterinos, os anticonceptivos hormonais injetáveis, o implante subdérmico e o anel vaginal. Deve ser desestimulado o uso de métodos comportamentais pelo alto índice de falha e devem ser analisadas as contraindicações absolutas e relativas de cada método. As adolescentes devem ser sempre estimuladas a associar o uso do preservativo independente do método.
O atendimento da criança e da adolescente deve ter uma abordagem global, visando não somente a cura, mas a orientação, educação e prevenção.
Na reunião estavam presentes Prof Souen, D. Marli, Dra LArissa, Dra Guiomar, Dr Luiz Roberto, Dr Flávio, Dra Leynalse, Dr Giulianno, Dr Felipe, Katya.