Antes mesmo do atraso menstrual, já é possível notar os sinais da gravidez? Quais são os primeiros sintomas? Em entrevista à CRESCER, o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, do Hospital Sírio Libanês e Hospital Albert Einstein, em São Paulo, respondeu a essas dúvidas e, de quebra, explicou em detalhes o que acontece no corpo da mulher antes e logo após a fecundação.
"O primeiro dia do ciclo menstrual de uma mulher é o primeiro sangramento, não aquela 'borra'. A partir daí, o corpo começa a preparar o óvulo no ovário. Em seguida, acontece o rompimento do cisto no qual está o óvulo, e ele é capturado pela trompa — é quando ocorre a chamada 'ovulação'. Esse período até a ovulação pode variar de uma mulher para outra, mas, em média, é de 14 dias. Consideramos normal e ideal, quando esse período de ovulação ocorre de 12 a 16 dias depois do primeiro dia do sangramento menstrual.
Então, quando o cisto se rompe, o óvulo é recolhido pela trompa, e é nessa porção mais inicial da trompa onde ocorre a fecundação. Isto é, onde o óvulo vai encontrar os espermatozoides que, ao fecundarem o óvulo, dão inicio a uma nova vida: o embrião. A partir daí, o embrião é empurrado lentamente em direção à cavidade uterina por células — chamadas de cílios ou células ciliadas —, que 'forram' a camada interna do tubo da trompa. Espera-se que por volta do quinto dia após a ovulação — podendo variar em até dez dias —, esse embrião, que já tem um número razoável de células, chegue até o útero pronto para grudar na parede uterina. Quando isso acontece, provoca uma espécie de 'corrozão'; isto é, o embrião corrói uma parede do útero para entrar e se fixar. O nome desse processo é 'nidação' — é como se fosse a formação de um ninho. É nesse momento que surge o primeiro sintoma perceptível para a mulher, antes mesmo do atraso da menstruação, que é um pequeno sangramento.
Primeiros sinais
No entanto, esse sangramento é bem diferente do menstrual. Ele costuma ser de pequena quantidade, mais escuro, aguado e dura, no máximo, um dia ou um dia e meio. Esse pequeno sangramento também pode vir acompanhado de cólica, pois o útero fica irritadiço e isso pode se apresentar na forma de cólicas para a mulher.
Assim que se fixa na parede do útero, o embrião começa a liberar o hormônio beta HCG (gonadotrofina coriônica humana), que 'avisa' o ovário que a gravidez ocorreu. Assim, quando recebem esse hormônio, as células em volta do ovário, que formam a parede do cisto de onde o óvulo sai, entendem que a gravidez aconteceu e, em vez de pararem de produzir hormônio para que a menstruação aconteça, aumentam a produção de progesterona. A partir daí, há um aumento gradativo desse hormônio, trazendo novos sinais da gravidez, como inchaço no abdômen, mamas, aumento da sensibilidade da aureola e mamilo e, conforme aumenta a quantidade de HCG no organismo da mulher, o embrião vai crescendo dentro do útero. Então, na época em que normalmente ela menstruaria, a mulher vai apresentar um inchaço do corpo como um todo e, em seguida, vem o atraso menstrual.
Sintomas variam
É claro que esses sintomas variam de uma mulher para outra. Algumas podem ser mais sensíveis ou estarem mais atentas ao próprio corpo e vão perceber mais claramente. Outras, com a correria e o estresse do dia a dia, podem ter uma percepção menor. Somado a tudo isso, ainda existe a mulher que deseja tanto estar grávida, que tem todos esses sintomas mesmo sem estar gestando — é o que chamamos de 'somatização'. Ela somatiza a percepção da gravidez mesmo não estando grávida.
Já as mulheres que engravidam de múltiplos bebês, como é o caso dos gêmeos bivitelinos (que se formam pela fertilização de dois óvulos diferentes), sentem um reflexo maior e mais rápido dos sintomas, já que são dois embriões se fixando na parede do útero. Mas o mesmo não se aplica na gravidez de gêmeos univitelinos (formados a partir da fertilização de um único óvulo), pois o embrião único se dividirá em dois posteriormente."
Fonte: Revista Crescer