Se você está grávida, pretende engravidar ou já teve um bebê, provavelmente já ouviu falar sobre o famoso "tampão mucoso". Mas, afinal, você sabe o que é? Qual é o papel dele na gravidez? Conversamos com o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, dos Hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein (SP), para que você entenda melhor e, principalmente, não entrar em pânico quando ele finalmente sair!
CRESCER: O que é o tampão mucoso?
Alexandre: quando a mulher engravida, o ambiente hormonal dela passa por uma mudança para "sustentar" a gravidez nos primeiros três meses. O hormônio principal, nesse caso, é a progesterona. O aumento da progesterona na fase inicial da gestação vai fazer com que as glândulas do colo do útero produzam uma secreção muscosa, bem espessa, que forma uma espécie de rolha de proteção, bloqueando o ambiente interno do útero do ambiente vaginal. Isto é, protegendo o bebê da flora vaginal, que é composta de inúmeras bacterias. Depois do terceiro mês, com a formação da placenta, que é um órgão fetal, isto, é, formado pelas células do feto, a placenta começa a produzir hormônios que vão manter o ambiente da gravidez, mas, de qualquer maneira, persiste o estímulo para que as glândulas do colo do útero continuem produzindo desse muco espesso. E isso segue até próximo ao final da gestação.
CRESCER: Quando esse tampão finalmente sai?
Alexandre: Quando a gravidez vai se encaminhando para o final e inicia o processo de dilatação do útero, começa a se formar uma pequena abertura do canal do colo do útero. Conforme essa dilatação aumenta, em algum momento, essa rolha se desprende e sai pela vagina. Isso normalmente acontece quando o colo está com mais ou menos 2 ou 3 centímetros de dilatação.
CRESCER: Como identificar o tampão?
Alexandre: Basicamente, é como um catarro grosso. Normalmente, ele é levemente amarronzado, podendo ter um pouco de sangue. Quanto ao volume, geralmente preencheria uma colher de sopa. No entanto, ele também pode sair aos poucos.
CRESCER: A perda do tampão é uma indicação de que a gestante está em trabalho de parto?
Alexandre: Não. A perda do tampão pode acontecer até duas semanas antes de a paciente, de fato, entrar de trabalho de parto e o bebê nascer. É um evento que antecede a entrada da paciente no trabalho de parto, isto é, não é um prenúncio de trabalho de parto. Então, quando ele sai, ela não precisa ir para o hospital. A gestante só estará em trabalho de parto quando as contrações durarem mais de 1 minuto cada, acontecerem em intervalos cadenciados de pelo menos 10 minutos e esteja, no mínimo, com três centímetros de dilatação do colo uterino. Na definição de trabalho, ela precisa ter os dois: contração e dilatação; só um ou outro não significa trabalho de parto.
CRESCER: Mas é importante avisar o obstetra?
Alexandre: É interessante, sim, avisar o obstetra, principalmente, porque isso indica que o colo do útero está parcialmente aberto, expondo a bolsa das águas às bacterias da vagina. Nesse caso, muitos pediatras acreditam que o mais prudente, a partir da perda do tampão, é suspender a atividade sexual vaginal e os banhos de imersão, como de banheira, mar ou piscina. O objetivo é impedir que as bactérias entrem em contato com a bolsa das águas e provoquem uma ruputra prematura das membranas, aumentando o risco de necessitar de uma cesárea. No entanto, alguns pediatras defendem que não há dados científicos suficientes para justificar essa conduta, não dando, portanto, nenhum tipo de recomendação extra.
Fonte: Revista Crescer