O Brasil possui um modelo exemplar de vacinação, com um calendário que, durante anos, levou à erradicação da poliomielite e outras viroses. As campanhas vacinais eram fortemente apoiadas pela população que, no passado, conheceu as mazelas e dores que tais doenças causavam.
Lembro de quando era criança e tive rubéola. Minhas tias levavam as filhas para ficarem comigo e torciam para que elas pegassem a doença. Assim, quando adultas, não correriam o risco de contrair o vírus na gestação (elas sabiam do perigo de malformação do feto caso isso acontecesse). Era uma época em que ainda não se vacinava contra a rubéola.
Hoje, a vacina tríplice virai faz parte do calendário vacinal das crianças brasileiras. Mas, frente à grande redução de casos, o apoio às campanhas se deteriorou e, em 2017, o país teve o menor índice de vacinação em crianças. E todas as vacinas recomendadas para adultos ficaram abaixo da meta de cobertura ideal. Em 2017/2018, frente ao caos econômico da Venezuela, uma grande imigração de pessoas sem cobertura vacinai adentrou o nosso país.
Resultado: focos de sarampo surgiram. E o número de casos não para de crescer. Esse é o roteiro da tragédia anunciada pela falta de interesse. A redução de casos graves leva à falsa percepção de que o problema não existe mais e, portanto, podemos abdicar de nossas guardas.
Infelizmente, o ser humano precisa viver a tragédia para se conscientizar do problema. Do contrário, negligencia a prevenção e dá ouvidos a boatos sobre os riscos de vacinar. É assim que surgem bolhas no sistema de segurança vacinai e, quando elas crescem, o vírus aproveita a brecha e eclode em um grande surto mundial.
Vacinar é um ato de cidadania e civilidade. Cada ser vacinado é uma muralha contra a disseminação de doenças. Conversem com os avós que viveram os tempos de outrora para conhecer as histórias de dor e sofrimento que antecederam a vacinação. E se conscientizem: vacinar é também um enorme ato de amor.
Vacina: entenda sua eficácia
É um dos meios mais eficazes na defesa do corpo contra agentes infecciosos e bacterianos. Protege por meio de resistência aos vírus e é composta por substâncias e microrganismos inativados ou atenuados que, introduzidos no organismo, estimulam o sistema imunológico quando em contato com um agente causador de doença.
Dado alarmante
15 de julho de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou um relatório sobre a estagnação da vacinação no mundo com um dado alarmante: mais de uma em cada dez crianças no mundo não foram vacinadas contra doenças como difteria, tétano e sarampo.
Dr. Alexandre Pupo Nogueira
CRM 84414
Coluna: Ana Maria